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3 Pilares do Tratamento do Câncer de Mama: Abordagem Multidisciplinar Baseada em Evidências

Introdução: Tratamento do Câncer de Mama 

O tratamento do câncer de mama moderno fundamenta-se em quatro pilares interdependentes, adaptados ao subtipo molecular e estágio da doença. A integração dessas estratégias aumenta as taxas de cura e qualidade de vida.

  1. Cirurgia Oncológica

Podemos dividir em 02 grandes grupos: Cirurgia conservadora x Mastectomias

Cirurgia conservadora:

– Setorectomia ( remove apenas tecido mamário ao redor do tumor)

– Quadrantectomia ( remove tecido mamário ao redo do tumor juntamente com pele e fáscia do musculo peitoral maior)

Mastectomia

– Tipo Halsted ( forma mais Radical de Mastectomia- remove pele, complexo areolopapilar, musculo peitoral maior e menor, linfonodos axilares nível 1,2 e 3)

– Tipo Patey ( remove toda mama com pele e complexo areolopapilar  e musculo peitoral menor)

– Tipo Madey ( remove toda mama com pele e complexo areolopapilar  com preservação  muscular)

– Mastectomia preservadora de pele ( remove miolo da mama com remoção pele central e complexo areolopapilar. OBS: Obrigatório reconstrução imediata nesta modalidade.

– Mastectomia preservadora de pele e complexo areolopapilar ( remove apenas miolo da mama preservando toda pele e complexo areolopapilar) OBS: Obrigatório reconstrução imediata nesta modalidade)

Obs: Também chamada Adenomastectomia

Radioterapia no Câncer de Mama: Conceito e Mecanismos de Ação: Tratamento do Câncer de Mama

A radioterapia é um tratamento que utiliza radiação ionizante de alta energia para destruir células tumorais ou inibir seu crescimento. Atua danificando o DNA celular, com maior impacto nas células de rápida proliferação (como as cancerígenas), enquanto preserva tecidos saudáveis através de técnicas de precisão.

Mecanismos Biológicos no Tecido Mamário

  1. Efeito Direto:

– Radicais livres gerados pela radiação quebram cadeias de DNA → morte celular programada (apoptose)

  1. Efeito Indireto:

– Danos ao microambiente tumoral (vasos sanguíneos e fibroblastos) → redução da nutrição celular

Indicações Principais

Cenário Clínico

Protocolo Radioterápico

Duração

Pós-cirurgia conservadora

40-50 Gy em 15-25 frações

3-5 semanas

Pós-mastectomia*

Tumor T3/T4/LINFONODO +/ INVASÃO ANGIOLINFATICA/ GRAU 3/ TRIPLO NEGATIVO

45-50 Gy na parede torácica + cadeia mamária interna

5 semanas

Metástases ósseas sintomáticas

8 Gy em dose única

1 sessão

Indicada para tumores ≥5 cm, e linfonodos positivos ou margens próximas (<1 mm)

Técnicas Avançadas: tratamento do câncer de mama 

  1. Radioterapia Externa Tridimensional (3D-CRT):

– Planejamento por tomografia computadorizada para delimitar volume-alvo (incluindo leito tumoral + 1-2 cm de margem)

  1. Radioterapia de Intensidade Modulada (IMRT):

– Feixes multidirecionais com intensidade variável → menor dose em coração e pulmão

  1. Radioterapia Intraoperatória (IORT):

– Dose única de 20 Gy aplicada diretamente no leito cirúrgico durante a operação

Efeitos Adversos Controlados

  • Agudos (≤6 meses): Eritema cutâneo (Grau 1-2 em 80% dos casos), fadiga moderada , miocardite
  • Tardios (>6 meses): Fibrose mamária (5-10%), pneumonite radioinduzida (<3%)

Evidências Recentes:Tratamento do Câncer de Mama

– Estudo FAST-Forward (2020): Hipofracionamento (26 Gy/5 frações) igualmente eficaz e seguro para câncer inicial (The Lancet Oncology)

  • Diretriz ASTRO 2023 recomenda irradiação parcial da mama em idosas com baixo risco

(Fontes: NCCN Guidelines v4.2024; Sociedade Brasileira de Radioterapia)

– Pós-conservação mamária (reduz recorrência local em 70%)

  1. Terapia Sistêmica

Quimioterapia

  • Neoadjuvante: Modalidade administrada antes da cirurgia com diversas finalidades ,dentre ela: Reverter inoperalidade/ reverter irressecabilidade/ Tornar cirurgia conservadora e/ou estética/ Avaliar resposta de tratamento e Prognóstico * ( * principal finalidade atualmente)
  • Adjuvante: Modalidade administrada após a cirurgia da mama

Hormonioterapia no Câncer de Mama: Estratégias Baseadas em Receptores Hormonais

Conceito

Tratamento sistêmico que bloqueia o receptor de estrogênio  em tumores com expressão de receptores hormonais (RH+) com efeito que interrompe a mitose celular e replicação celular. Responsável por reduzir recorrências em 50-70% e mortalidade em 30% nos últimos 20 anos (EBCTCG Meta-Análise).

Classificação e Mecanismos de Ação

  1. Antiestrogênicos

– Tamoxifeno (SERM – Modulador Seletivo de Receptores Estrogênicos):

Mecanismo: Bloqueia receptores de estrogênio na mama (efeito antagonista) e age como agonista no útero/ósseo

  • Indicação: Pode ser usado tanto na Pré-menopausa como na Pós-menopausa

– Fulvestranto (SERD – Degrador Seletivo de Receptores Estrogênicos):

Mecanismo: Degrada receptores de estrogênio e bloqueia dimerização do DNA

  • Indicação: Doença metastática RH+ com progressão após tamoxifeno
  1. Inibidores de Aromatase (IA)
  • Letrozol/Anastrozol/Exemestano
    • Mecanismo: Bloqueiam conversão periférica de androgênios em estrogênio pela enzima aromatase
    • Indicação: Apenas na Pós-menopausa (não atuam em ovários funcionais)
  1. Supressão Ovariana
  • Análogos de GnRH (Goserrelina/Leuprorrelina): Reduzem estradiol sérico para níveis menopáusicos (<20 pg/mL)

Critérios para Escolha Terapêutica

  1. Status Menopausal:

Pré-menopausa: Tamoxifeno  ou IA + supressão ovariana (SOFT/TEXT Trials)

  • Pós-menopausa: IA (ex: para alto risco)
  1. Risco Genômico:

– Oncotype DX® ≥26 ou MammaPrint® alto risco → IA + associação com quimioterapia

  1. Tolerância:

– Osteoporose grave → Preferencia Tamoxifeno (efeito agonista ósseo) evitar IA sem denosumabe/zoledronato

Monitoramento e Efeitos Adversos

  • Metabólicos: Perda óssea acelerada (-2,5% densidade mineral/ano com IA), dislipidemia
  • Vasomotores: Fogachos em 60% dos usuários de tamoxifeno (controláveis com venlafaxina)
  • Trombóticos: Risco aumentado de TEV com tamoxifeno (1,5x vs placebo)

Inovações Recentes: Tratamento do Câncer de Mama

  • Elacestrant (SERD oral): Aprovado para mutações ESR1 em metástases após progressão a IA (EMERALD Trial)

(Fontes: NCCN Guidelines v4.2024; St Gallen Consensus 2023)

 

  1. Imunoterapia e Novas Abordagens

Imunoterapia no Câncer de Mama: Conceitos e Aplicações Clínicas

Conceito

Tratamento que estimula o sistema imunológico a reconhecer e destruir células tumorais. Atua modulando pontos de controle imunológico (“checkpoints”) ou modificando células de defesa para atacar alvos específicos do câncer.

Mecanismos de Ação: Tratamento do câncer de mama 

  1. Inibidores de Checkpoint (PD-1/PD-L1):

– Bloqueiam a interação entre PD-L1 (expresso por células tumorais) e PD-1 (linfócitos T), restaurando a atividade antitumoral dos linfócitos.

  • Exemplo: Pembrolizumab (anti-PD-1).
  1. Terapia Celular Adotiva:

– Modificação genética de linfócitos T para expressar receptores específicos contra antígenos tumorais (ex.: CAR-T cells).

  1. Vacinas Terapêuticas:

– Estimulam resposta imune contra antígenos associados ao tumor (ex.: HER2-peptídeos).

Indicações Atuais

  • Câncer Triplo-Negativo Metastático PD-L1+: Pembrolizumab + quimioterapia (taxa de resposta 40% vs 15% com quimio isolado).
  • Neoadjuvante em Tumores TNBC Estádio II-III: Combinado à quimio padrão (protocolo KEYNOTE-522).

Tipos Aprovados

Medicamento

Alvo

Indicação Específica

Pembrolizumab

PD-1

TNBC metastático/microsatellite instability-high

Atezolizumab

PD-L1

Retirado do mercado em 2023 por eficácia limitada

Efeitos Adversos

  • Grave (5-10%): Pneumonite imunomediada, colite, hepatotoxicidade.
  • Manuseio: Suspensão temporária + corticoides em dose imunossupressora (ex.: prednisona 1 mg/kg/dia).

Perspectivas Futuras: Ensaios com CAR-T cells direcionados a MUC1 e terapia com vírus oncolíticos (NCT05105296). Diretrizes atualizadas da NCCN recomendam teste de MSI/dMMR em todos os casos metastáticos para elegibilidade à imunoterapia.*

  • Pembrolizumab: Combinado à quimioterapia para triplo-negativos PD-L1+ (KEYNOTE-522 Trial)
  • Terapias celulares: Linfócitos infiltrantes de tumor (TILs) em fase experimental para metástases

Referências Científicas:

1. NCCN Guidelines Breast Cancer v4.2024 Link

  1. Cardoso F et al. Early Breast Cancer: ESMO Clinical Practice Guidelines (Annals of Oncology, 2023) DOI

Pedro Fontes

Mastologista e Oncologista

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